Esta semana, estivemos reunidos para a oficina “Mapas sonoros”, oferecida na programação da Semana de Extensão da URCA – Universidade Regional do Cariri, na cidade do Crato. A atividade foi sediada no Labocart – Laboratório de Cartografia e Foto Interpretação e contou com a participação de estudantes de várias localidades da mesorregião do Sul Cearense, além de mim, Thaís Aragão, o produtor José Rômulo Mesquita e as professoras Clesley Maria Tavares do Nascimento e Daniely Guerra, ambas do Departamento de Geociências.
Na primeira manhã (06/11), estivemos no laboratório discutindo cartografia sonora, a partir da exposição de vários casos no Brasil e no mundo. No dia seguinte, saímos a campo, percorrendo a trilha das praças do Crato, previamente preparada pela equipe do Labocart.
Esta postagem, aqui no blog Escuta Nova Onda, é um trabalho coletivo do grupo participante da oficina. Reuniremos aqui materiais resultantes desses dois dias, produzidos por vários participantes. Nosso objetivo é compor uma pequena cartografia sonora, a modo de exercício. Portanto, nos próximos dias, esta postagem será atualizada com essas contribuições. Fiquem atentos!
Fotografias selecionadas por Isaac
Relato de Daiane
Os sons que foram perceptíveis durante o trajeto percorrido foram variados. Parecia uma partitura com semibreves, semicolcheias, pausas e ritmos; como uma melodia incrível com suas características e particularidades.
No início da trilha, ao sair da URCA pela manhã de quarta-feira (07/11/2018), podia-se ouvir os sons contínuos dos carros, motos, buzinas, conversas e passos e compassos da vida agitada das pessoas, que percorrem suas rotas diárias de trabalho e atividades. Na Praça da Sé, foi audível o som de propagandas e a presença de pisadas de cavalo de uma carroçaria vazia no Centro. Logo em seguida, foi apreciável o sino da igreja matriz Nossa Senhora da Penha, de forma contínua e singela: blim-blém, blim-blém…
No mesmo trajeto, na rua Dr. Miguel Lima Verde, ouvimos por algumas caixas de som no topo dos postes de luz a rádio (comunitária?) que tocava variadas músicas, desde o reggae até o pop. Até então, na vida estressante que levamos, não nos deixamos perceber esses gêneros musicais.
Logo adiante, na Praça Siqueira Campos, os sons foram diferenciados. Havia grupos de senhores aposentados jogando e outras pessoas vendendo seus produtos. Dava para ouvir o gênero musical brega, que era apreciado por esses senhores. Era nítida a familiaridade que eles tinham com o espaço.
Prosseguindo o a trilha, o próximo ponto foi a Praça São Vicente, em que destacam os sons dos pássaros. Na Praça Cristo Rei, os sons dos pássaros se destacam também. O mais diferente desse espaço é que é bem calmo. Não possui tanto fluxo de pessoas. Por outro lado, os sons de ônibus são fortes, pois é um local onde as pessoas esperam para percorrer suas rotas para outras localidades e cidades. Em pouco tempo, foi possível ouvir agitação das crianças em horário de recreio.
Por fim, concluímos a rota na Praça da RFFSA, onde esperamos a saída do Metrô do Cariri – ou melhor, o trem do Cratinho de Açúcar. É um som forte e peculiar daquele lugar. Sob esse contexto, o ambiente sonoro e definido por marcas sonoras que estão em constantes transformações, portanto vale lembrar que as composições sonoras que foram ouvidas durante o trajeto estão em constante metamorfose no espaço urbano.
Daiane Luzia da Silva Otávio é estudante de Licenciatura em Geografia da URCA
Gravação do percurso
(Por enquanto, disponível aos participantes. Em breve, tornaremos pública.)