Um casal de namorados cegos nos guiou no percurso “”Paisagens não-visuais”, que mediei ano passado na 7a. Bienal do Mercosul, em Porto Alegre. Pelo som, principalmente, nos mostraram a cidade. Esse passeio fez parte da residência artística de Júlio Lira, que desenvolve o projeto Percursos Urbanos, há muitos anos já, em Fortaleza.
Hoje me chegaram as publicações da Bienal. Acabei de ver o vídeo que documentou os Percursos. Vou tentar escrever algum coisa, porque ainda estou um tanto emocionada.
O que o Júlio propõe é andarmos de ônibus pela cidade sendo guiados por pessoas que sabem de algo sobre aquela cidade que a gente não sabe. Ou sabe pouco. Ou sabe de ouvir falar, por terceiros. Ou sabe porque presencia, mas à distância. O que os Percursos Urbanos fazem é nos colocar em contato com pessoas, e elas então nos colocam em contato com a cidade, pela parte que as toca.
Quando fazemos um Percurso Urbano de Júlio Lira, a cidade sempre se transforma. Porque a gente se transforma. Envolve movimentar-se por outros lugares, conversar com as pessoas, conhecer a história delas, porque é delas que é feita a cidade. Mas quem nunca participou de um, não precisa se afligir: é uma proposta que cada um pode assumir para si. A qualquer momento.
bom que os olhos estao vendados,
mas os ouvidos…